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Tolerância zero para greenwashing!

Grupo de Especialistas de Alto Nível sobre a emissão de gases de efeito estufa prevê recomendações para entidades e governos a traçarem metas realistas para zerarem emissões de gases de efeito estufa.


No lançamento do primeiro relatório do Grupo de Especialistas de Alto Nível sobre a emissão de gases de efeito estufa, o chefe das Nações Unidas defendeu “tolerância zero para o greenwashing na neutralização de emissões” ao declarar o documento “um guia prático para garantir compromissos de zero líquido confiáveis e responsáveis”.


Integridade com compromissos de zerar emissões


Ele afirmou que, enquanto um número crescente de governos e atores não-estatais dizer ter zerado emissões de carbono, os critérios para os compromissos com o zero líquido apresentam brechas amplas o suficiente para “conduzir um caminhão a diesel”.


O relatório critica o greenwashing, que pode induzir o público a acreditar que uma empresa ou entidade está fazendo mais para proteger o meio ambiente do que de fato está, e as promessas fracas para alcançar a neutralização.


O documento também fornece um roteiro para trazer integridade aos compromissos de zerar emissões por parte da indústria, das instituições financeiras, das cidades e regiões e apoiar uma transição global e equitativa para um futuro sustentável.

De acordo com os especialistas, os atores não podem alegar ser “zero líquido” enquanto continuam a construir ou investir em novos fornecimentos de combustíveis fósseis ou qualquer tipo de atividade ambientalmente destrutiva.


Eles também não podem participar ou fazer com que seus parceiros participem de atividades de lobby contra as mudanças climáticas ou apenas denunciem uma parte dos ativos de seus negócios enquanto ocultam o restante.


Diretrizes e clareza para atores não estatais


No ano passado, na COP26 em Glasgow, Guterres anunciou que nomearia um Grupo de Especialistas para tratar do “excesso de confusão e déficit de credibilidade" sobre metas de zerar emissões em entidades não estatais.


O primeiro relatório do grupo é resultado de intenso trabalho e consultas ao longo de sete meses e reflete a contribuição de 17 especialistas selecionados pelo chefe da ONU.


Por meio de 10 recomendações práticas, o relatório fornece clareza em quatro áreas-chave definidas pelo secretário-geral das Nações Unidas: integridade ambiental, credibilidade, responsabilidade e o papel dos governos.


Confira as recomendações, conforme explicadas por Guterres:


1. Promessas não podem ser uma “cortina de fumaça”


De acordo com o relatório, as promessas de zero líquido devem estar alinhadas com os cenários do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, Ipcc, que limitam o aquecimento a 1,5 º C.


“Isso significa que as emissões globais devem diminuir em pelo menos 45% até 2030 – e atingir zero líquido até 2050. As promessas devem ter metas provisórias a cada cinco anos a partir de 2025”, explicou o secretário-geral da ONU.


As metas também devem abranger todas as emissões de efeito estufa e todos os seus escopos. Para instituições financeiras isso significa todas as suas atividades financeiras, e para empresas e cidades, significa todas as emissões. as diretas, indiretas e até mesmo aquelas originadas de cadeias de suprimentos.


O chefe da ONU também enviou uma mensagem às empresas de combustíveis fósseis e seus “facilitadores financeiros” que têm promessas que excluem produtos e atividades essenciais que são tóxicos para o planeta e pediu que revisem suas promessas e deixem alinhadas com as orientações do relatório.


2. Planos devem ser detalhados e concretos


Guterres disse que as promessas para zerar emissões devem ser acompanhadas por um plano de como a transição está sendo feita. “A administração deve ser responsável por cumprir essas promessas. Isso significa defender publicamente uma ação climática decisiva e divulgar todas as atividades de lobby ”, disse.


Ele acrescentou que a ausência de padrões, regulamentos e rigor nos créditos voluntários do mercado de carbono é profundamente preocupante. Além disso, os compromissos devem detalhar como a transição atenderá às necessidades dos trabalhadores das indústrias de combustíveis fósseis e setores afetados pela transição para energia renovável.


O relatório também fornece clareza e detalhes sobre o que as empresas, instituições financeiras e autoridades subnacionais precisam fazer para eliminar gradualmente o carvão, o petróleo e o gás.


3. As promessas devem ser responsáveis e transparentes


O secretário-geral convocou todas as iniciativas voluntárias de descarbonização para acelerar os esforços para padronizar os relatórios de progresso, em formato aberto e por meio de plataformas públicas que alimentam o Portal de Ação Climática Global da ONU sobre Mudanças Climáticas.


“Devemos trabalhar juntos para preencher as lacunas da falta de autoridades terceirizadas credíveis universalmente reconhecidas – e devemos fortalecer os mecanismos posicionados para conduzir esse processo de verificação e prestação de contas”, explicou.


4. As iniciativas voluntárias precisam se tornar um novo normal


Por fim, o chefe da ONU disse que os governos precisam garantir que as iniciativas agora voluntárias se tornem um “novo normal”.


“Peço a todos os líderes governamentais que forneçam às entidades não estatais condições equitativas para a transição para um futuro justo e sem emissões. Resolver a crise climática exige uma forte liderança política”, ressaltou, destacando que os países desenvolvidos também precisam acelerar sua descarbonização e dar o exemplo.


A voz dos especialistas


O relatório é publicado em um ano em que o mundo foi marcado por uma crise de energia desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, bem como por impactos climáticos seguidos, como as inundações sem precedentes no Paquistão e a seca nos EUA.

Atualmente, mais de 80% das emissões globais são cobertas por compromissos de zero líquido.



“Neste momento, o planeta não pode permitir atrasos, desculpas ou mais falsas promessas”, disse a ex-ministra canadense Catherine Mckenna, presidente do Grupo de Especialistas de Alto Nível.


Catherine Mckenna parabenizou alguns atores que estão avançando, como empresas que investem em inovação, investidores que transferem seu dinheiro para negócios limpos e cidades que mudam sua rede de energia para fontes renováveis.


“Mas a má notícia é que muitas das promessas de zero líquido são pouco mais do que slogans vazios e publicidade”, argumentou. Mckenna também observou que o presidente francês Emmanuel Macron e o enviado da ONU para o clima, Michael Bloomberg, lançaram uma nova iniciativa para criar um serviço público de dados zero líquido, que fornecerá dados verificados para responsabilizar as empresas.

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